A arte contemporânea, um movimento artístico em constante evolução, é um universo multifacetado que suscita inúmeras questões e desafia convenções. Contudo, como todo movimento artístico é importante compreender suas características principais.
Para compreendê-la, precisamos começar pelo básico: o que a define? O que a diferencia dos movimentos artísticos anteriores? Quais características essenciais a distinguem e como ela se encaixa em nosso mundo em rápida transformação?
À medida que nos aprofundamos em nossa exploração, buscaremos respostas para essas perguntas e muitas outras, traçando um retrato mais completo e enriquecedor da arte contemporânea e de seu impacto no cenário artístico e cultural atual.
Definição de Arte Contemporânea
A arte contemporânea é um movimento artístico que surgiu a partir dos anos 50, no século XX e se estende até os dias atuais. Ela se originou como uma ruptura com a arte moderna, que dominou o cenário artístico desde o final do século XIX até meados do século XX.
Por outro lado, a arte moderna buscava a inovação, a experimentação e a expressão individual, mas também seguia alguns padrões estéticos e movimentos definidos, como o impressionismo, o expressionismo, o cubismo, o surrealismo, entre outros.
Esta, por sua vez, questiona a própria definição de arte e propõe novas formas de se comunicar com o público. Ela se inspira na cultura popular, na sociedade da informação, na tecnologia e nas novas mídias.
Além disso, abandona os suportes tradicionais, como a tela e o pedestal, e utiliza diferentes materiais, como objetos cotidianos, fotografias, vídeos, sons, luzes, etc. Ela também mescla diferentes linguagens artísticas, como a pintura, a escultura, a fotografia, a performance, a instalação, a videoarte, etc.
A arte contemporânea não tem um movimento ou uma escola dominante. Cada artista tem sua própria proposta e seu próprio discurso. Alguns dos movimentos e tendências que surgiram na arte contemporânea são: minimalismo, pop art, arte povera, arte conceitual, hiper-realismo, street art, land art, body art, etc.
O Contexto Histórico da Arte Contemporânea
Depois da II Guerra Mundial, entre os anos de 1939 à 1945, o mundo testemunhou mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais profundas, que afetaram a forma como as pessoas se relacionavam com a realidade.
Nesse cenário, a arte ofereceu experiências sem precedentes, baseadas sobretudo nos processos de produção da arte. O objeto por outro lado, não é necessariamente o foco principal, ou seja, a ideia tem maior importância do que a imagem.
Sendo assim, na arte contemporânea, a ênfase recaiu sobre a ideia, a atitude e o conceito, em detrimento do resultado artístico tangível. O propósito era criar arte enquanto também se ponderava sobre ela.
Desta forma, o movimento artístico contemporâneo quebrou com certos elementos da arte moderna. Ele deixou para trás múltiplos paradigmas e contribuiu para forjar um novo paradigma.
Simultaneamente, permitiu a expressão de uma ampla gama de estilos, visões, métodos e diversidade de expressões artísticas.
O Impacto dos Movimentos Artísticos na Arte Contemporânea
A arte contemporânea foi influenciada por vários movimentos artísticos que surgiram no século XX, especialmente na primeira metade. Esses movimentos buscaram romper com as convenções estéticas e expressar suas visões de mundo de forma original e criativa.
Um dos movimentos mais importantes foi o Expressionismo Abstrato, que surgiu nos Estados Unidos na década de 1940. Esse movimento se caracterizou pela liberdade de formas e cores, pela gestualidade e pela expressão emocional do artista.
Um dos grandes nomes desse movimento foi Jackson Pollock, que criou obras como Number 1 (1948), usando a técnica do dripping (gotejamento).
Outro movimento marcante foi o Dadaísmo, que surgiu na Europa durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Esse movimento se caracterizou pelo uso do humor, da ironia e do absurdo para criticar os valores da sociedade burguesa.
Um dos expoentes desse movimento foi Marcel Duchamp, que criou obras como Fonte (1917), usando objetos cotidianos como obras de arte.
Um terceiro movimento que influenciou a arte contemporânea foi o Surrealismo, que surgiu na França na década de 1920. Esse movimento se caracterizou sobretudo pelo uso da imaginação e do inconsciente para criar obras que desafiassem a lógica e a razão.
Salvador Dalí foi um dos grandes nomes que figuraram neste movimento, criando obras como A Persistência da Memória (1931), usando elementos oníricos e simbólicos.
A Ruptura com as Tradições Artísticas Convencionais
A ruptura com as tradições foi e continua sendo a principal característica deste movimento. A arte contemporânea se distanciou das tradições artísticas convencionais bem como as que valorizavam a beleza, a harmonia, a representação fiel da realidade e a habilidade técnica do artista.
Sendo assim, seus proponentes questionaram conceitos propondo novos critérios para avaliar e apreciar a arte. Todavia, a arte contemporânea se baseou na subjetividade e na liberdade artística, dando ao artista o poder de definir o que é arte e como ela deve ser feita.
Por fim, ela também se baseou na efemeridade da arte, dando ao espectador o papel de participar e interagir com a obra, que muitas vezes era desfeita após a apresentação.
A Busca por Novas Formas de Expressão
A arte contemporânea buscou novas formas de expressão, que fossem adequadas ao seu tempo e ao seu contexto. Ela explorou as possibilidades das novas tecnologias e mídias, como o vídeo bem como o computador, a internet, o celular, etc.
Um exemplo brasileiro deste movimento artístico que usa novas formas de expressão é a obra Experiência Cromática (2009), de Cildo Meireles. A obra apresenta basicamente cômodos e televisões. Ou seja, são seis quartos, cada um com uma cor diferente e além disso, possuem cada um uma televisão.
Em momentos específicos da apresentação, a televisão apresenta a cor da sala em tom que a complementa. O objetivo da obra é porporcionar uma imersão ao espectador e permitir que este perceba as cores em diferentes tons.
Controvérsias nas Perspectivas Artísticas
A arte contemporânea é uma tendência artística que reflete o seu tempo e o seu contexto. Por sua vez, ela é fruto das transformações históricas que ocorreram no século XX e que continuam ocorrendo no século XXI.
Contudo, por possuir um caráter transgressor, acaba por dividir opiniões e acalora os debates não só no campo artístico mas também na filosofia e teologia. Pois quando se trata de definições de “arte”, as premissas são distintas e, muitas vezes, irreconciliáveis.
Por fim, o fato é que o mote do movimento artístico que representa a contemporaneidade é exatamente este: continuar a questionar as estruturas tradicionais da sociedade. Contudo, no que diz respeito à sua apreciação, continuaremos a encontrar divergências.